DONA LUIZA sempre foi uma cozinheira de mão cheia, e uma
pessoa disponível para colocar aquele seu toque pessoal na mais simples das
receitas. O seu tempero fazia a diferença e o seu jeito muito especial de
preparar cada prato colocavam água na boca de quem sentava na sua mesa.
DONA LUIZA não foi nunca uma cozinheira profissional, apesar
de a cozinha ocupar um lugar bem importante na sua vida. Seu marido, o Pai
Mendes, era um forte critico da comida de restaurantes ou preparada por outras
pessoas, tal era o hábito diário, por mais de sessenta anos, de provar as
delicias cozinhadas por sua companheira.
Ela sempre achava um
jeito especial de cozinhar as coisas mais simples, transformando-as em delícias
inesquecíveis para o nosso paladar
Os seus pasteis de bacalhau (Bolinhos de bacalhau aqui no
Brasil) eram famosos, mais ainda quando acompanhados daquele maravilhoso arroz
com tomate que só ela conhecia a receita.
No entanto, as receitas todas bonitinhas e planejadas não
eram o forte de DONA LUIZA. Ela sempre cozinhava na inspiração, no toque mágico
de seus dedos para colocar na panela ou na frigideira a quantidade exata de
ingredientes e de tempero, e quando alguém perguntava pelas quantidades e
componentes corretos desta ou daquela receita, eis que ela sempre falava a
frase mágica: eu coloco a quantidade certa, nem mais nem menos...
Ela já não está mais entre nós, e não tem como nos passar
muitos dos seus segredos. Mas de tanto assistir ela cozinhando, e do muito que
ela foi nos relatando nos ultimos anos, estamos conseguindo reproduzir algumas
das iguarias e manjares com que nos brindou ao longo de sua vida.
A “cozinha dos deuses” de DONA LUIZA, está agora disponível para todos aqui em
Fortaleza e cultivamos com muita seriedade os detalhes que sabemos serem os
seus principais argumentos culinários, sentindo que ela nos acompanha nesta
jornada pelos sabores e pelos saberes de uma cozinheira fantástica.
Foi pensando em tudo isso sentei ali na praia, contemplando
o outro lado do mar, e acredito ter
enxergado lá longe, para além do horizonte, uma luz ténue mas muito bela que o
instinto me sussurrou ser um forte brilho de saudade no olhar de DONA LUIZA,
sentada na tranquilidade de sua varanda sobre o Tejo, esse rio que ainda hoje,
500 anos após chegada de Cabral em Porto Seguro, lá na Bahia, segue se
espreguiçando desde Lisboa até ao Brasil, orgulhoso da sua condição de fonte
original do achamento da pátria irmã.
Que singela homenagem! Parabéns e muito sucesso, Antonio!
ResponderExcluirTemos certeza que Dona Luiza está muito feliz em ver que seu patrimônio imaterial - seu saber fazer - está sendo imortalizado por você!
Grande abraço!
Fran e Ricardo
São Paulo-SP
Antonio!
ResponderExcluirSeu blog realmente é de muito bom gosto!
E a homenagem a sua mãe, que já não se encontra aqui na terra, muito merecida por D.Luiza.
Desejo muito sucesso neste novo empreendimento!
Boa sorte!
Ana Maria